quinta-feira, 13 de junho de 2013

O caos e o mal-estar nas escolas começam a ser evidentes...

Passados poucos dias de se ter previsto a instalação do caos nas nossas escolas, aí está a confusão, à vista de todos. E muitos dos responsáveis por este caos começam a ficar mal vistos perante a opinião pública e publicada. Prejudicados inocentemente e alheios a este combate, que parece não ter fim, só mesmo os alunos, sobretudo aqueles que estão em final de ciclo e que, por isso, estão sujeitos a exames.
Comecemos pelo início e façamos uma retrospectiva. As negociações entre o MEC e os sindicatos iniciaram-se, há umas semanas atrás, num ambiente de desconfiança mútua e numa lógica de posições intransigentes (o MEC avisou que não recuaria na mobilidade especial e os sindicatos disseram sempre que jamais aceitariam esta medida), pelo que nada de positivo se poderia esperar quando, ainda antes de terminarem as negociações, a Fenprof e a FNE anunciaram o pré-aviso de greve às reuniões de avaliação e ao primeiro dia de exames.
O MEC ainda foi dizendo que poderia adiar a aplicação da mobilidade especial por um ano, mas os sindicatos não aceitaram esta proposta, e a meu ver, muito bem. Não teria qualquer sentido chegar a um acordo com o MEC relativamente a uma medida que, quanto a mim, é inconstitucional e numa perspetiva de a aplicar daqui a um ano, como se o que hoje é inaceitável o já não fosse daqui a um ano. É que não tenhamos dúvidas: esta mobilidade especial, enquanto medida de pseudo-requalificação não passa de uma antecâmara para o despedimento, pelo que, para além de injusta e desnecessária no sector da Educação (pois já não temos professores a mais), parece-me totalmente ilegal à luz da nossa Constituição.
Mas, continuemos a analisar os contornos desta "novela" que parece não ter um epílogo. Depois das negociações não terem dado em nada (apesar de se saber que vai haver uma última ronda negocial suplementar), os sindicatos não voltaram atrás nas suas intenções "grevistas"e a Fenprof até já apresentou um pré-aviso de greve para a semana de 18 a 21 de Junho.
Esta semana iniciou-se como seria de esperar. Poucas têm sido as reuniões de avaliação que se realizaram. E porquê? Porque esta forma de greve tem uma particularidade que permite que apenas faltando um professor a reunião não se realize. Ora, convém fazer uma chamada de atenção. É que havendo um registo próximo de 98% de reuniões que não se realizaram, isso não quer dizer (ao contrário do que muitos dos que não são professores pensam) que 98% dos docentes estejam a fazer greve. É uma contabilização que não se faz. Porventura, nem interessa fazer...
Ora, como estas primeiras reuniões adiadas dizem respeito a anos terminais com exame (6º, 9º, 11º e 12º anos), muitos diretores de escola andam numa pilha de nervos porque começam a surgir muitas dificuldades para conseguirem organizar um final de ano lectivo sem sobressaltos. Destacam-se, a este nível, os exames de equivalência à frequência que não se podem realizar e que têm de ser adiados, podendo prejudicar o final de ano lectivo destes alunos. E depois ainda há outras tarefas que podem ser prejudicadas: o final das aulas das turmas de cursos profissionais (sim, ainda há aulas a decorrer!), os exames de muitos destes alunos e respetivas reuniões, as reuniões do ensino regular que não se realizaram e que têm de ser remarcadas e, sobretudo, os exames de equivalência à frequência que ficam em suspenso, levam a uma sobreposição de tarefas para muitos docentes difíceis de calendarizar. Uma confusão...
E, entretanto, o que é que tivemos? Tivemos aquilo que poucos esperavam. Porventura, nem os sindicatos. O Colégio Arbitral não indicou os serviços mínimos para a próxima segunda-feira, dia de exame nacional de Português, e esta decisão deu origem à pior das reacções que Nuno Crato poderia ter tido. Em vez de respeitar e acatar a decisão, o MEC decidiu-se por recorrer, numa lógica de mau-perder e agudizar do conflito... Ainda por cima, Crato surgiu, a comunicar esta decisão, à frente das câmaras de televisão num tom enfadado e sisudo que não lhe ficou nada bem. Esperava outra resposta de Crato: adiava o exame para dia 20 de Junho e não se falava mais no assunto. Assim, MEC e sindicatos parecem ter entrado em estado de conflito latente que, quanto a mim, em nada irá beneficiar alunos, professores e tutela.
Entretanto, nas escolas o ambiente é tudo menos calmo. Não sei qual o ambiente que se vive nas outras escolas, mas na minha parece haver uma clara divisão entre aqueles que são a favor de todas as formas de luta propostas pelos sindicatos (os mais inflexíveis), aqueles que aceitam todas, menos a da greve aos exames e aqueles que apenas se revêm na manifestação nacional (é o meu caso). É verdade que há um profundo desânimo de muitos dos colegas que vão fazer greve na próxima segunda-feira e, alguns desses colegas, parecem até ter entrado numa lógica de intolerância relativamente aos que têm posições diferentes. É que quem não faz greve não quer dizer que concorde com a mobilidade especial. E depois ainda há os colegas que acusam os colegas que não fazem greve pelo motivo destes não quererem perder dinheiro. Um disparate! Há quem pareça ter grandes dificuldades em perceber que há quem prefira diferentes formas de luta e de protesto. Eu continuo a dizer que não está no meu feitio fazer uma greve que prejudica, nos exames e nas avaliações, os alunos. É uma questão de consciência cívica e cada um tem a sua...
Concordo com a manifestação e espero bem que no próximo sábado se consigam ultrapassar os 100 000 professores em protesto na capital. E, volto a lembrar, que a última grande vitória dos professores se fez por intermédio de uma manifestação e não de uma greve. Lembram-se de 2008? Finalmente, continuo a pensar que será no Tribunal Constitucional que nos poderemos ver livres da mobilidade especial. É que convém não esquecer que na base desta luta está sobretudo o medo que milhares e milhares de professores têm de poderem ir para a mobilidade especial...
Quanto ao que poderemos esperar nos próximos dias, penso que esta ideia de adiar reuniões de avaliação não nos traz quaisquer benefícios. Claro que é uma demonstração de protesto, mas com vários custos associados: origina grandes transtornos para os próprios professores e direcções das escolas; prejudica os alunos, porque estes ficam sem saber as suas avaliações internas antes de fazerem os exames nacionais; e cria na opinião pública uma má imagem dos docentes, já que dá a entender que andamos a fazer mais uma espécie de boicote do que uma jornada de luta (esta última critica até foi um amigo meu, que não é professor, que a fez). 
Já a greve da próxima segunda-feira vai dar, em minha opinião, em nada, já que todos os professores foram convocados a comparecerem na escola. E até se corre o risco de, com esta convocatória, a taxa de professores a fazerem greve ser reduzida. Seria, depois da derrota do MEC com a decisão do Colégio Arbitral, a derrota dos sindicatos. É o que me parece que vai acontecer. Por isso, é imprescindível que a manifestação de sábado seja enorme e, como diria o Gaspar, até o tempo vai ajudar...
Mas, importante mesmo seria que a imagem dos professores não se desgastasse ainda mais. Seria importante que se realizasse um debate sério e esclarecedor (no próximo Prós e Contras, por exemplo) para esclarecer a opinião pública sobre as razões de protesto dos professores. Sim, porque ainda há muita desinformação e não é com debates como aquele que na terça-feira à noite se realizou na SIC-Notícias que esclarecemos os portugueses. É que o "representante" dos professores perdeu tempo a falar da história da Educação na Suécia (para quê?), falou de ilegalidades sem as ter concretizado (o que o descredibiliza), afirmou que nas escolas anda tudo calmo (só se for na dele!), duvidou dos 6000 pedidos de aposentação de docentes (só faltava esta!), desvalorizou a quebra demográfica (deve ignorar que em apenas 10 anos passámos de 113 mil nascimentos em 2002 para menos de 100 mil em 2012, o que está já a provocar uma redução do número de alunos nos primeiros ciclos de ensino e daqui a uns anos nos ciclos seguintes), enfim, especulou muito, mas não falou sobre o que realmente interessa combater - a mobilidade especial (ainda por cima do outro lado do debate esteve um antigo ministro que está completamente desfasado da actual realidade escolar e que também não disse nada de jeito). Torna-se imprescindível esclarecer a opinião pública e publicada...
Mas, continuo a dizer que o que se exige de Crato é que cumpra com a sua palavra: que nenhum docente vá para a mobilidade especial. Isto, claro se esta for constitucional, o que não me parece que seja. Até porque, actualmente, com menos de 100 000 professores do quadro e um universo de cerca de milhão e meio de alunos, não temos professores a mais. É só fazer as contas: dá um rácio de 70 professores por 1000 alunos, um pouco abaixo da média dos países da OCDE ( que é de 74,5). E é isto que tem de ser explicado aos portugueses. Não há professores a mais; alguns podem é estar mal distribuídos pelo país...
Entretanto, continuamos a ter uma classe docente dividida entre aqueles que só vêem uma forma de luta (a que eles defendem) e os que, também discordando da mobilidade especial, discordam destas greves (às reuniões de avaliação e aos exames) e defendem outras vias de protesto e de solução. Sempre numa lógica de respeito pelas opções de cada um... E para que se perceba que o estar contra esta greve não é uma questão partidária (e muito menos monetária), basta ler aqui qual era a minha opinião em 2005 (com um governo PS) sobre a eficácia das greves...

18 comentários:

Farto da escumalha política disse...

Já aqui comentei anonimamente, mas hoje escolhi um nome para ser mais fácil responder-me directamente, nome esse que mostra bem o meu estado de alma, e que é o de muitos outros portugueses, e também europeus.
Este seu post é longo, daí que eu tenha várias coisas para lhe dizer.
1- Para começar, o Pedro, de tão fanático pelo PSD, nem se apercebe que está a ser extremamente incoerente. Isto porque diz que, e passo a citar, "muitos dos responsáveis por este caos começam a ficar mal vistos perante a opinião pública e publicada". Pelo teor do que escreve (e também pelo que já tinha escrito antes), parto do princípio que esses responsáveis são os professores que optaram por fazer greve, e também os sindicatos. Mas se é o próprio Pedro que diz que o MEC avisou, ainda antes do início das negociações, que não recuaria na mobilidade especial, que é algo que o próprio Pedro diz que considera inconstitucional (para além de ser aberrante) e diz também que os sindicatos nunca a aceitariam, então quem é que é o responsável por toda esta situação? É quem impõe algo que é claramente inaceitável (e inconsitucional, nas suas próprias palavras), ou é quem se recusa a aceitá-lo? Se o governo se recusa a negociar, o recurso a medidas de força é a única coisa que resta. Ou acha mesmo que andar aqui a criticar isso em blogues ou em jornais vai ter mais força do que reuniões com o MEC??? E por falar em jornais, só por curiosidade, para quais é que o Pedro escreve? É que nunca li nada escrito por si, excepto nestes seus blogues.
2- O Pedro fala nos prejudicados pela greve. Mas isso não é algo inerente à própria natureza de uma greve??? Quando há greve dos transportes, não há prejuízo para os utentes? Parece-me óbvio que, se não houver, então a única conclusão a retirar é que os profissionais desse sector são inúteis à sociedade, pois é sinal de que podemos passar bem sem eles...
3- Quanto à azáfama dos directores das escolas, eles antes de mais nada são professores como todos os outros, e a sua posição de directores não é eterna, pelo que esta greve pode produzir resultados que também poderão beneficiá-los a eles no futuro. Quando se está numa luta, é preciso entender que por vezes isso envolve algum sofrimento. É mesmo assim!
4- Passando para a grande manifestação de 2008, o Pedro fala em última grande vitória dos professores. Será que posso pedir-lhe que me explique o que ganhámos nessa altura? É que eu não me apercebi de termos ganho rigorosamente nada de significativo. Logo, se nem vitória foi, como pode ter sido grande????
5- Por último, a questão da quebra demográfica. Ainda bem que fala nisso, pois esse é um argumento que, se fôssemos um país civilizado (que não somos, apesar de muitos indicadores económicos, sociais e culturais que aparentemente fazem crer isso) não só não seria um pretexto para se destruir a educação, como até poderia contribuir (e muito) para melhorar a qualidade do nosso sistema educativo. Passo a explicar: é indiscutível que, por várias razões, existe uma acentuada quebra demográfica. Qual seria o passo lógico, caso se quisesse minimizar os efeitos dessa quebra, em termos da educação? Obviamente, seria criar turmas mais pequenas, pois é evidente que, se passássemos a ter turmas de 15 a 20 alunos, o número total de turmas seria igual ou semelhante ao que se verificava no passado. E o Pedro, que tal como eu está na sala de aula, sabe muito bem que é muito mais benéfico, tanto para professores como para alunos, uma turma de 15 ou 20, do que uma turma de 25 ou 30. O problema é que a intenção dos nossos governantes é apenas poupar dinheiro, e essa quebra demográfica é uma dádiva divina pois é o pretexto ideal para isso. Além de que, como contribui para a cada vez menor qualidade do ensino, também serve os seus propósitos, pois um povo culto reivindica aquilo a que tem direito. E qual é o governo que gosta de um povo que reivindique, e de forma informada? Conhece algum?

Pedro disse...

Caro anónimo,
claro que não lhe vou responder directamente a algumas questões porque ainda não resolveu dar-se a conhecer. Quer saber para que jornais escrevo? Então, revele-se primeiro para um debate franco e sério. Penso que não estou a pedir nada de anormal.
Mas, vou elucidá-lo nalgumas questões.
1. Não sou fanático do PSD, dado que se o fosse defenderia o PSD em tudo e ao limite, o que não é verdade. Critico o PSD em muitos aspectos, tanto em público, como no partido.
2. Nunca escrevi que os responsáveis pelo caos instalado são apenas os professores. Nunca leu isso aqui... Penso que os responsáveis por este casos são o Governo e os professores, por terem posições extremadas.
3. Claro que a greve prejudica, mas prejudicar em aulas é diferente de prejudicar em exames.
4. Sobre a quebra demográfica é bom que a reconheça. Há quem a desvalorize (sabe de quem estou a falar?)! E tudo o que você diz sobre aproveitar a quebra demográfica para reduzir o número de alunos por turma e melhorar as condições de ensino poderiam efectivar-se se Portugal não tivesse (ainda) à beira da bancarrota e dependente da ajuda externa. Em situações normais de um país rico e com contas em dia, essa sua ideia poderia ser levada à prática. No estado lastimável em que o governo de Sócrates deixou o país (na bancarrota) é impossível. Infelizmente...
Mas, esta é só a minha opinião. E pode ter a certeza que respeito a sua, apesar de discordar dela.
Só tenho pena que não indique o seu blogue (caso tenha) ou se identifique para que o debate seja claro. Sim, porque nada melhor que pôr tudo às claras em vez de andar com anonimatos...

Anónimo disse...

Então o Pedro escreve para jornais e discute no partido. Não sabia que assumia esse papel de militância activa. Prefiro não me identificar porque abomino a militância política activa, sobretudo no PS e no PSD, pois essas duas faces da mesma moeda são os culpados pela situação do país. Não é apenas o PS do Sócrates, pois os chefes de governo do PSD (Cavaco, Barroso ou Santana, já para não falar do actual) foram tão maus como o Sócrates. O Pedro apenas não vê (ou não quer ver) isso porque não é imparcial, devido aos motivos supracitados.
Quanto ao prejuízo da greve, o problema é que um dia de greve no período normal de aulas é uma pura perda de tempo, pois não surte qualquer efeito, e o governo até agradece o que poupa em salários. Por isso, a única forma de a nossa classe poder exigir algo é fazendo greve aos exames, por mais que isso prejudique terceiros. É uma pena, mas não temos alternativa.
Quanto à quebra demográfica, já lhe expliquei que estou a par disso (nem sei como pode haver quem não esteja). No entanto, acho que o problema do dinheiro devia ser algo assumido, em vez de andarem a mentir às pessoas dizendo que estão a fazer tudo para melhorar o sistema de ensino, o que é pura mentira. Se não acredita, leia o que diz o professor Santana Castilho (ah espere, esse não que é de esquerda).
E já agora, importa-se de me dizer o que ganhámos em 2008, depois da manifestação? Quase 5 anos depois, ainda não percebi. Mas como o Pedro lhe chamou uma grande conquista, é porque percebeu mais do que eu...

Agnelo Figueiredo disse...

Pedro,
O adiamento do exame de Português do 12.º para 20 não era viável porque nesse dia há o de Filosofia do 11.º e há alunos que fazem ambos.
Esta ideia só cabe na cabeça dos dementes da Comissão arbitral.
De resto, o adiamento não impediria que viesse a ser convocada greve para outro(s) dia(s) co exames.

Anónimo disse...

Preencha:

DECLARACÃO ANTIGREVE

(Para os que não fazem greve...)

Eu,.............................................. , NIF . ..........................., Trabalhador/a da empresa.................................................,

DECLARO:

QUE estou absolutamente contra qualquer coação que limite a minha liberdade de trabalhar.
QUE, por isso, estou contra as greves, piquetes sindicais e qualquer tipo de violência que me impeçam a livre deslocação e acesso ao meu posto de trabalho.

QUE por um exercício de coerência com esta postura, e como mostra da minha total rejeição às violações dessas liberdades,
EXIJO:

1 º. QUE me seja retirado o benefício das 8 horas de trabalho diário, dado que este benefício foi obtido por meio de greves, piquetes e violência, e que me seja aplicada a jornada de 15 horas diárias em vigor antes da injusta obtenção deste benefício.

2 º. QUE me seja retirado o benefício dos dias de descanso semanal, dado que este beneficio foi obtido, por meio de greves, piquetes e violência, e que me seja aplicada a obrigação de trabalhar sem descanso de domingo a domingo.

3 º. QUE me seja retirado o benefício das férias, dado que este benefício foi obtido por meio de greves, piquetes e violência, e me seja aplicada a obrigação de trabalhar sem descanso os 365 dias do ano.

4 º. QUE me seja retirado o benefício dos Subsídios de Férias e de Natal, dado que este benefício foi obtido por meio de greves, piquetes e violência, e me seja aplicada a obrigação de receber apenas 12 salários por ano.

5 º. QUE me sejam retirados os benefícios de Licença de Maternidade, Subsídio de Casamento, Subsídio de Funeral dado que estes benefícios foram obtidos por meio de greves, piquetes e violência, e me seja a plicada a obrigação de trabalhar sem usufruir destes direitos.

6 º. QUE me seja retirado o benefício de Baixa Médica por doença, dado que este benefício foi obtido por meio de greves, piquetes e violência, e me seja aplicada a obrigação de trabalhar mesmo que esteja gravemente doente.

7 º. QUE me seja retirado o direito ao Subsídio de Baixa Médica e de Desemprego, dado que estes benefícios foram obtidos por meio de greves, piquetes e violência. Eu pagarei por qualquer assistência médica e pouparei para quando estiver desempregado/a.

8 º. E, em geral, me sejam retirados todos os benefícios obtidos por meio de greves, piquetes e violência que não estejam contemplados por escrito.

9 º. DECLARO, também, que renuncio de maneira expressa, completa e permanente a qualquer benefício actual ou futuro que se consiga por meio da greve do dia 17 de Junho de 2013.

Pedro disse...

Ao penúltimo anónimo(?),
prefere não se identificar porque "abomina a militância política activa"? Essa agora!? O que é que uma coisa tem que ver com a outra? De certeza que não se identifica por outra razão qualquer. Não quer é dizer qual?
Você diz que "um dia de greve no período normal de aulas é uma pura perda de tempo, pois não surte qualquer efeito". Então quer dizer que nunca fez nenhuma greve às aulas! Não me acredito, para quem preza tanto a greve. Ou antes pensava uma coisa e agora pensa outra? Pois eu acho que tanto a greve às aulas como a greve aos exames dão em nada. Aliás, para mim, a greve aos exames dá-nos uma coisa: uma má imagem perante a opinião pública...
Quanto à quebra demográfica, pode ter a certeza que há quem a desvalorize. Dou-lhe o exemplo de alguém que parece ter muitos "adeptos" na classe docente: Paulo Guinote. Conhece? E olhe que o Santana Castilho também já escreveu no Público a desvalorizar a redução da natalidade.
Quanto à sua última questão, recordo-lhe que foi graças à manifestação de 2008 que a divisão de professores entre titulares e não titulares foi direitinha para o lixo. Ou será que você concordava com essa divisão?
A ver vamos se da próxima vez ganha coragem e se identifica...

Caro Agnelo,
é uma situação complicada e é verdade que o adiamento do exame poderia abrir um precedente. Mas, os sindicatos não teriam coragem de adiar o dia da greve. Seria a total perda da (já reduzida) credibilidade dos sindicatos...

E o que dizer ao último anónimo?
Parece uma daquelas pessoas que ainda trata os que não fazem greve como "fura-greves". Será?
Quanto à ideia de que todos aqueles direitos que refere foram "obtidos por meio de greves, piquetes e violência", é pura retórica. A maior parte desses direitos até foram conquistas que apenas tiveram que ver com o desenvolvimento do próprio país. Nada mais...

Anónimo disse...

Antes de mais, parabéns à carta que publicaram aqui depois de mim, pois o Pedro e outros serventuários do poder deviam subscrevê-la, a bem da coerência. Estou a falar em termos puramente teóricos, pois sei que o Pedro não está disposto a abdicar de nada, mesmo o que ganha à custa do esforço de outros colegas mais corajosos.
Quanto a fazer greve a aulas, fiz há uns anos, antes de perceber a inutilidade desse tipo de greve, e desde esse momento que decidi que só faz sentido uma greve a exames, pois é a única forma que termos de fazermos pressão e reivindicarmos aquilo a que temos direito. Uma greve a aulas não trará, nem nunca trouxe, benefício algum a quem a faz. Pelo contrário, os seus amigos do PSD agradecem o que poupam em salários. Quanto a esta greve aos exames, a prova de que agora já nos ouvem é que o seu querido Passos Coelho já fala em mudar a lei para, na prática, negar o direito à greve à nossa classe. Este estilo faz-lhe lembrar alguém? A mim faz lembrar um certo político que morreu há 43 anos e que, a julgar pelo que o Pedro escreve aqui, deve ser muito do seu agrado. Quanto à má imagem, isso é só perante a opinião pública inculta e imbecil que vota sempre PS ou PSD como se tratasse de clubes de futebol. Mas felizmente que muitos já perceberam que a culpa é mais do governo do que dos professores.
Sobre a desvalorização da quebra demográfica, isso é pela razão que eu apontei e que qualquer pessoa inteligente percebe.
Finalmente, sobre os titulares: isso nem foi uma conquista directa da manifestação, mas havia coisas bem mais importantes do que isso.

Anónimo disse...

Olá Pedro!
Cá estou eu novamente. Estive a ler com atenção este teu texto e digo-te que concordo com o que escreves. E houve uma coisa que referiste que também a mim me chocou. Como é possível haver colegas que acusam outros de não fazerem greve dizendo que é para não perderem dinheiro? A mim também me acusaram do mesmo. Como se não fazer greve fosse por motivos de dinheiro!
Esta semana tivemos um ambiente péssimo na escola por haver colegas nossos que não respeitam a posição daqueles que discordam da greve ao exame. Passaram a semana a chatear e a dizer mal dos que não vão fazer greve. Foi horrível.
Olha, desejo-te um bom fim-de-semana

Uma colega tua (lá da escola)

Anónimo disse...

O governo agradece que haja muitas pessoas como vocês. Se acabarem por ser despedidos, talvez percebam a burrice de não fazerem greve. Por essas e por outras é que a nossa classe está constantemente a ser humilhada e espezinhada, pois metade dos professores não lutam por nada, mesmo em situações-limite como esta.

Anónimo disse...

O que me irrita é que eu, que estou disposto a lutar, fico a perder por vossa causa, assim como fico a perder nas eleições em que os idiotas votam sempre nos mesmos coveiros do PS ou do PSD!

Pedro disse...

À colega misteriosa confirmo o mau ambiente sentido na sala dos professores...

Aos dois últimos anónimos direi que espero que a manifestação deste sábado possa ser um bom exemplo de como podemos manifestar o nosso protesto sem prejudicar ninguém, muito menos os alunos que têm exame...

Anónimo disse...

Bom dia.
Na minha escola foi o mesmo ambiente.
Espero não ter problemas no dia 17 quando quiser entrar na escola para fazer a vigilância para a qual fui convocada pelo patrão que ainda me paga o ordenado no dia 23 de cada mês.... para desempenhar as minhas funções e zelar pelo sucesso dos meus alunos num dia tão importante...

MJ

Anónimo disse...

É o que eu digo: o Pedro ainda acredita no Pai Natal. Pois se nem uma posição de força que motivou negociações suplementares produziu resultados, ia ser uma manifestação que, por mais participada que seja, e eu espero que seja muito, porque se insere nas medidas de luta, não aquece nem arrefece, do ponto de vista do governo, ia produzir esses resultados???
Não me faça rir...
Quanto à MJ, reitero o que tinha dito antes: para os nossos governos (sejam eles PS ou PSD, é irrelevante) isso é o melhor que pode acontecer: que haja trabalhadores dispostos a tudo só para receberem um salário cada vez mais baixo, com cada vez menos regalias e cada vez mais insegurança. Como presumo que essa situação lhe agrade, tal como ao Pedro e a muitos outros, então só tenho de elogiar o facto de não fazer greve, pois está no caminho certo...
Que tristeza saber que há colegas meus com uma mentalidade tão tacanha. De facto, isto é mesmo um país de merda!

Anónimo disse...

Tão bonito foi assistir aos que chamaram maçãs podres aos que não irão fazer greve como ouvir chamar burros aos que a farão. Vi ambos na mesma sala onde estavam os colegas. Haja respeito, vivemos em democracia! É só!

Anónimo disse...

Anónimo
10:18:00 AM

A minha mentalidade não é tacanha.A situação não me agrada, mas olho ao meu redor e vejo seres humanos em condições bem piores do que a minha ou a sua...
Não foi com o meu voto que o governo está lá. Portanto, vou fazer greve? Vou é trabalhar que é isso que quero fazer enquanto puder...
Bom domingo a todos:-)

MJ

Anónimo disse...

O problema é que, com todas estas medidas draconianas, pode chegar o dia em que não a vão deixar trabalhar. E nesse dia talvez se arrependa de não ter lutado. Só que aí, será tarde de mais.
E quanto a haver quem esteja bem pior, inteiramente de acordo. Só que, se nada fizermos, tal como escrevi acima, é possível (para não dizer provável) que no futuro façamos parte do número desses que agora estão bem pior? Isso não a preocupa? Se preocupar mas não fizer o que pode para mostrar isso e lutar contra isso, o MEC vai interpretar essa postura como concordando ou não concordando mas aceitando. O que, do ponto de vista deles, é igual.
Pense nisso.

Pedro disse...

Ao anónimo das 10.18H de sábado (isto de escreverem de forma anónima até para responder dá trabalho!!!) direi que se a participação de milhares de professores em Lisboa (as televisões falam entre 50 mil e 80 mil) lhe faz rir (palavras suas!), então estamos na presença de uma enorme falta da respeito da sua parte pela decisão que estes docentes tiveram em, prejudicando as suas próprias famílias neste dia, quererem participar nesta manifestação.
Eu não gozo com quem quer fazer greve amanhã. Respeito essa opção! Portanto, também seria sensato que da sua parte houvesse mais respeito por quem decidiu ir à manifestação dar conta do seu protesto! Ou pensa que só a greve é que é uma forma de protesto correcta?

Anónimo disse...

Parece que o Pedro não percebeu o que eu disse sobre a manifestação. De forma alguma estou contra ela. Bem pelo contrário, concordo inteiramente com a sua realização. O problema é que essa manifestação (como qualquer outra) não passa de um complemento de outras formas de luta, pois não surte qualquer efeito se for feita de forma isolada. Se os participantes nessa manifestação boicotarem o esforço dos que vão fazer greve amanhã (sei que não gosta de ouvir isto, porque há verdades incómodas, mas nem por isso deixam de o ser), então lamento informar que estiveram a perder tempo.