segunda-feira, 17 de junho de 2013

Será que alguém ficou a ganhar com esta greve?

Como sempre, temos análises antagónicas por parte da tutela e dos sindicatos. O Governo destaca que "apenas" 20 mil alunos não puderam fazer o exame de Português, defendendo que o direito à equidade está assegurado para estes alunos que farão o exame a 2 de Julho, enquanto que os sindicatos falam numa adesão histórica de 93% dos professores a esta greve. Escuso-me de comentar as declarações de Crato e de Nogueira, por me parecerem que ambas enfermam do problema da falta de imparcialidade e de lucidez.
Mas, vou aqui deixar algumas notas do que penso que saiu desta greve.
1. Não me parece que a classe docente tenha ganho alguma coisa com esta greve. Aliás, a divisão e o conflito dentro da classe dos professores parece-me agora mais evidente do que nunca, sobretudo porque a intolerância de alguns dos que fizeram greve relativamente à decisão daqueles que optaram por não fazer foi muito clara, sobretudo em muitas das declarações que durante o dia de hoje surgiram nas reportagens televisivas, mas também na própria blogosfera da educação. Até um dirigente sindical resolver apelidar de "fura-greves" aqueles que se decidiram por não fazer greve!
2. Os sindicatos julgam-se vencedores, mas a forma como esticaram a corda afirmando que só irão parar com estes protestos quando o Governo resolver recuar ao nível da mobilidade especial, deixa-os reféns do que acontecer nas próximas semanas, pelo que, por enquanto, penso que apenas estamos na presença de uma greve que serviu como um balão de oxigénio para as pretensões sindicais. Aliás, depois da novela das gravações das negociações ocorridas, não há que esperar nada de positivo...
3. Nuno Crato também não sai vitorioso desta greve (bem pelo contrário!), porque se viu obrigado a fazer aquilo que não quis fazer na semana passada depois da decisão do Colégio Arbitral. A definição de uma nova data para os 20 mil alunos que hoje não puderam fazer exame coloca Crato numa posição muito fragilizada, sobretudo caso se venham a confirmar as suspeitas de irregularidades que ocorreram em algumas escolas.
4. Os estudantes foram os mais prejudicados nesta situação toda, sobretudo aqueles que não fazendo exame vão ter mais três semanas de angústia e nervosismo, o que poderia ter sido facilmente evitado, caso os sindicatos não marcassem a greve para um dia de exames ou caso a tutela se decidisse por ter seguido as indicações do Colégio Arbitral.
Quanto ao que realmente preocupa os professores e que esteve na origem desta greve, será que ganhámos alguma coisa? Sinceramente, penso que não! Infelizmente, penso que com esta greve (e sobretudo com as posições extremadas a que continuamos a assistir por parte dos intervenientes) o braço de ferro entre o MEC e os sindicatos se agudizou ainda mais e a hipótese do Governo recuar por sua iniciativa nesta matéria ficou ainda mais longe de se concretizar. Continuo a pensar que existiam outras alternativas a esta greve, bem mais eficazes, nomeadamente ao nível da imagem que a nossa classe profissional passa para a opinião pública a e publicada. Mas, ainda temos a alternativa constitucional...
De resto, espero que a manifestação realizada no passado sábado em Lisboa e que juntou dezenas de milhares de professores de todo o país, com grandes sacrifícios para muitos do que se deslocaram de longe, possa motivar a classe docente para a realização de concentrações, vigílias e manifestações um pouco por todo o país e novamente em Lisboa, sem prejudicar alunos, por forma a que o Governo veja que, efectivamente, os professores consideram completamente injusta, ilegal e desnecessária a concretização desta mobilidade especial que o PS de Sócrates inventou e que este Governo aproveitou a fim de enviar professores para fora do sistema público de ensino.
Entretanto, parece que as greves às reuniões de avaliação vão continuar, sem que se saiba até que ponto é que a sua eficácia pode realmente ser visível em termos práticos... 

24 comentários:

Santiago disse...


A maior vergonha desta classe é o constante queixume sobre as condições a que os professores são sujeitos diariamente e depois nada fazem para fazer ouvir a sua voz. Não me venham com sentimentalismos sobre as consequências negativas desta greve para os alunos. Como é de esperar nenhum aluno sairá prejudicado dado que era certo que se iria encontrar uma nova data para a realização da Prova de Português. Sendo assim, não posso compreender a falta de coragem em não fazer greve aos exames. A maioria que defende outras formas de luta menos radicais podem a partir de agora ficar conscientes que perderam a autoridade moral para manifestar qualquer desagrado perante as futuras políticas destrutivas que serão aplicadas na Educação. O que está aqui em jogo não é só as 40 horas e a Mobilidade Especial, é sim um conjunto de medidas que foram ao longo destes dois anos implementadas em nosso desfavor e que nos fazem constantemente mossa na nossa dignidade como professor e passo a relembrar:
1º Aumento do número de alunos por turma. Como é possível que todos os professores se queixem que as turmas são cada vez mais barulhentas, indisciplinadas, desinteressadas e com fraco rendimento e depois não fazerem nada para demonstrar o seu desagrado?
2º Revisão curricular que retirou imensas horas letivas e reformulou outras a diversas disciplinas e que é responsável pela destruição de imensos horários em todos os grupos disciplinares à exceção de Português e Matemática.
3º Retirar a hora de Direção de Turma da Componente Letiva o que acarreta mais uma turma para os professores completarem a totalidade da componente Letiva.
4º Não aplicar o respeito da graduação profissional aquando dos concursos nacionais dado que em muitos casos temos professores menos graduados a ficarem com melhores escolas e mais perto de casa( QZP estarem à frente dos QE no Destacamento)e o ridículo Concurso extraordinário, assim como este concurso interno com as miseráveis vagas manipuladas pelo MEC.
5º A constante vergonha que ocorre nos concursos de oferta de escola em que os professores sujeitam-se a situações degradantes para quem é considerado mão de obra qualificada.
6º A possível requalificação dos docentes considerados excedentários e que farão uma possível formação à força em 12 meses e que terão habilitações para dar aulas em qualquer grupo de recrutamento onde haja falta de recursos humanos. Onde está a defesa de uma escola de qualidade?
7º Finalmente, o constante roubo que nos é feito aos nossos salários. Será que é só no meu salário é que têm tirado dinheiro todos os meses? Devemos falar sobre o nosso vencimento e não devemos ter vergonha disso. Temos sido espoliados mensalmente e o dinheiro faz falta a toda a gente e os professores não são exceção.
Se estas razões não são suficientes para que possamos lutar pelos nosso poucos direitos que ainda temos, então posso dizer que os professores que não fizeram greve não têm qualquer autoridade moral para demonstrar desagrado pelas condições que presentemente têm.
Pedro, acho que devia ter feito greve pois sei que também sente na pele estas medidas destruidoras da nossa qualidade profissional.
Para grandes males, grandes remédios.
Para todos os professores que fizeram greve um bem haja, para os outros...........

Farto da escumalha política disse...

Amigo Pedro, apenas duas notas:
1- Não sei ao certo qual foi a percentagem de professores em greve, mas pelo que pudemos ver nas notícias, é óbvio que foi significativa. No entanto, ao contrário do que se passa nas reuniões de avaliação, em que basta um professor para boicotar tudo, neste caso bastava um número reduzido de professores fura-greves como o Pedro para não boicotar nada, pelo que os números do MEC e dos sindicatos são ainda mais díspares do que é costume, pois mesmo uma adesão maciça não garantia que as perturbações causadas fossem igualmente maciças. Ainda assim, a julgar pelos números do MEC, terá havido perto de 30% de alunos que não fizeram exame, e muitos dos que fizeram não tiveram as condições ideais (nunca teriam) pelo que se pode considerar que a greve surtiu efeito. Seja como for, com tantos professores em greve, tenho de discordar da sua afirmação de que "o conflito dentro da classe dos professores parece-me agora mais evidente do que nunca". Pelo contrário, agora é que muitos começam a perceber que é hora de lutarem por algo a sério, sob pena de ficarem desempregados para sempre. Talvez isso não preocupe o Pedro, pois como militante do PSD pode almejar a um dos famosos "jobs for the boys". É por isso que o Pedro não se indigna tanto como seria suposto? ....................
......................................................................
2- Quanto à continuação da greve, porque haveríamos de parar? Por acaso o MEC já cedeu 1 milímetro que seja? Por mim, continuo. Comecei, não vou desistir agora

Pedro disse...

Caro Santiago,
para mim a maior vergonha da nossa classe é ter como principal sindicato representativo dos docentes (dizem que tem mais de 40 mil associados) um braço direito do Partido Comunista, cujo líder deu aulas durante 10 anos, estando há cerca de 20 anos sem saber o que é dar aulas.
Quanto às medidas a que temos vindo a ser sujeitos, apenas reitero aquilo que tenho dito. Apenas estamos a sofrer uma espécie de ressaca do autêntico estado de regabofe em que a Educação viveu durante anos e anos... Lembra-se das reformas de professores aos cinquenta e poucos anos de idade, dos artigos 102º em catadupa, das reduções de horário que faziam com que houvesse professores com 10 horas lectivas e as restantes em casa, das progressões automáticas, das avaliações faz-de-conta? Enfim, do 80 passámos para o 8... Do excesso passámos para os cortes feitos à régua e esquadro. E, agora, o copo da desgraça transbordou com esta mobilidade especial...
Quanto a formas de luta, a manifestação é tão digna quanto a greve. Agora, penso que a greve aos exames é contraproducente e veremos se não tenho razão... Discordo é totalmente dessa ideia de que quem não fez esta greve não tem autoridade moral para se queixar. Era o que faltava!!! Mas, cada um tem a sua opinião.

Caro último anónimo (a ver se muda o nome com que assina os comentários!),
seria bom que o debate se fizesse de forma séria e sem trazer para aqui questões particulares e, sobretudo, inventadas. O debate não precisa desse tipo de argumentação baixa... É que não quero ser obrigado a ter de eliminar comentários ou parte de comentários!
Se quer debate sério, aqui poderá encontrá-lo. Para desconversa, não tenho paciência...

Anónimo disse...

Pedro,
Excelente texto e respostas aos comentários.
Eu também não fiz greve e gostei muito de ver os meus alunos a realizarem o exame com todas as condições asseguradas.
Dever cumprido:-)

PS. O M Nogueira que vá dar aulas...
Se ainda souber o que isso é...

MJ

Santiago disse...

Caro Pedro,
Na sua resposta não vejo qualquer discordância em relação às medidas que anteriormente enumerei e que foram implementadas por este MEC, sendo assim, concluo que também reconhece que estas medidas são penalizadoras e injustas ("Do excesso passámos para os cortes feitos à régua e esquadro".
Em relação("Apenas estamos a sofrer uma espécie de ressaca do autêntico estado de regabofe em que a Educação viveu durante anos e anos... ") tenho a relembrar que os sucessivos governos do PS e também do PSD, são responsáveis por estas "regalias" dadas aos professores. Parece que agora temos que arcar com as culpas dos excessos praticados. Eu não usufruo de reduções, tenho 9 turmas de três níveis de escolaridade diferentes, não tenho dia sem componente letiva percorro todos os dias 150 Km para poder trabalhar, tenho duas filhas para sustentar e mesmo assim ainda querem que eu sofra ainda mais. Não. Basta de exploração. Para mim, são todos os governos que pertencem ao arco da governabilidade responsáveis pelo estado da Educação e não é só o Governo Socrático como quer fazer crer. Temos que ser realistas e despir a camisola partidária só assim se poderá fazer uma análise isenta e imparcial. Não defenda o indefensável, só lhe fica mal. Sei que também sofre ou pode a sofrer num futuro próximo com estas medidas dado que está efetivo longe de casa.

Pedro disse...

Cara MJ,
temos ideias coincidentes, mas cá para mim o mais certo é que o Nogueira nunca mais volte a dar aulas. Para ele seria certamente uma espécie de baixar de nível...

Caro Santiago,
primeiro quero louvar o facto de, apesar de nem sempre sermos coincidentes nas nossas posições e argumentos, saber debater e apresentar as suas ideias, respeitando quem tem uma opinião diferente. É coisa que vai escasseando na blogosfera e nos debates sobre Educação.
Mas, vamos ao que interessa.
1. Sim, reconheço que muitas (não todas!) destas medidas são penalizadoras e injustas, mas, à excepção da questão da mobilidade especial, também acrescento que quase todas são necessárias, dada a situação em que as finanças públicas do nosso país se encontram.
2. Sim, os sucessivos governos do PS e também do PSD, são responsáveis por estas "regalias" dadas aos professores, mas as regalias não devem ser tidas como direitos adquiridos para sempre. Tal como se concedem, também podem ser retiradas. E, por isso, é que defendo que aqueles que usufruíram de reformas aos cinquenta e poucos anos de idade também devem ser chamados a contribuir para o equilíbrio das contas públicas...
3. Sim, na minha opinião todos (e reforço, todos) devemos arcar com as culpas dos excessos praticados.
4. Quanto à sua situação particular, existem medidas que poderiam ser aplicadas para reduzir o número de turmas e alunos que tem. Bastava alterar o currículo e as cargas horárias da sua disciplina para assim ter menos turmas ao nosso cargo. Mas, há mais medidas que deveriam ser aplicadas e que já em posts anteriores me referi.
5. Quanto aos responsáveis por esta situação toda, respeito a sua opinião, mas não me deixo levar pela teoria de que o PSD e o PS são iguais. Eu prezo a memória e apesar do PSD também ter tido falhas, erros e omissões nos governos de Cavaco e de Durão Barroso, quanto a mim, foi o governo de Sócrates que levou o país à bancarrota.
6. Finalmente, volto a frisar que apesar de compreender algumas das medidas tomadas, como o fecho de escolas do 1º ciclo, a agregação de escolas (não todas, porque algumas foram feitas de forma exagerada) ou a redução do número de professores contratados, sou frontalmente contra qualquer espécie de mobilidade especial que leve ao despedimento de qualquer professor do quadro. Todos, os do quadro, somos necessários (por isso até entendo que a mobilidade geográfica, feita com bem-senso, seja uma alternativa) e se não estivéssemos à beira da bancarrota até contratados continuariam a ser necessários.
Penso que não defenso o indefensável. Penso sim que tento ser realista...

Farto dos políticos disse...

Pronto, já mudei um pouco o nome, para não o melindrar.
Cara MJ (Ou será Madre Teresa de Calcutá? Ou será a versão feminina do Gandhi?). Já sabia que havia lambe-botas como a colega (apesar de me repugnar um pouco chamar-lhe assim) prontos a ser paus-mandados do MEC. Não sabia é que esses lambe-botas tinham um discurso tão imbecil como esse, mas enfim... Só é pena que não possa fazer o meu serviço também, e o de muitos colegas como eu, com toda essa alegria. Também irá encarar com essa alegria toda um eventual despedimento? Ou acha isso um cenário improvável?
Caro Pedro: quanto ao Mário Nogueira, concordo inteiramente. Só não sei porque não critica igualmente o Dias da Silva. É por ser militante do PSD? E já agora, acha aceitável um líder sindical de uma classe de trabalhadores ser filiado num partido de direita, cuja ideologia é contrária à defesa dos direitos dos trabalhadores???
Finalmente, sobre as medidas a que temos vindo a ser sujeitos e o facto de isto tudo também ser o resultado de muitos colegas terem usado e abusado dos vários privilégios que tínhamos, concordo com isso. No entanto, há uma coisa que qualquer professor tem, chamada registo biográfico, e por isso acho tremendamente injusto que muitos andem agora a ser sujeitos a tudo isto por causa de alguns. Se houvesse um pouco de seriedade e justiça, não devia penalizar-se apenas esses que abusaram? Porquê meter todos no mesmo saco? Acha isso bem?

Gorgi disse...

Hoje já ninguém fala na greve. E o que se ganhou com isto? Pelos vistos todos perderam: alunos, professores e governo.
É claro que quem fez greve vai dizer que se o governo não recuar é porque houve professores que não fizeram greve. E assim se divide uma classe. E quem não fez greve vai dizer que não adiantou fazê-la porque o governo não recua.
Eu não acredito que o governo volte atrás na mobilidade. A não ser que a luta endureça de tal forma que coloque em causa o inicio do próximo ano letivo. Será que é isso que a Fenprof quer? Se calhar até é.

Pedro disse...

A quem se diz farto dos políticos direi que quem está farto de políticos não deveria ser candidato nas próximas autárquicas, mesmo que em lugar não elegível. Espero que perceba e não continue na lógica do "esconde, esconde". Fica-lhe mal e já não tem piada...
De resto, esperava um pedido de desculpas pela forma como o "farto dos políticos" se dirigiu tanto a mim como à MJ. É que a discussão quer-se séria e sem "bocas" foleiras. Aliás, parece-me que você tem sérias dificuldade em viver em democracia. Há que saber respeitar quem tem uma opinião diferente!
Quanto às questões:
1. Colocar no mesmo saco o Nogueira e o Dias da Silva parece-me pouco sensato. Nogueira deu aulas durante 10 anos. Dias da Silva durante quase 30 anos!
2. Concordamos na penalização daqueles que usufruíram das regalias anteriores. Por isso, defendo que aos que se reformaram com cinquenta e poucos anos de idade e com valores acima dos 2000 euros sejam aplicados cortes a sério.
3. Quanto à questão do registo biográfico, continuo a pensar que a graduação ainda é o critério menos injusto.


Gorgi,
já aqui escrevi que esta greve teve como consequência imediata a divisão dos professores, sobretudo porque há colegas nossos que não respeitam a posição daqueles que não fizeram esta greve.
Quanto ao endurecimento da luta por parte da Fenprof, não me admiro nada que isso dependa, não tanto dos plenários dos professores, mas mais do que o PCP considera que se deve fazer...

Farto dos políticos disse...

Pedro, não sei com quem você está a confundir-me, mas de uma coisa pode ter a certeza: a única situação em que participo activamente na política é quando vou à mesa de voto, por vezes entregando o boletim em branco, pois é a única forma de mostrar que não me revejo em nenhum partido, nem nenhum político, e nem sequer concordo com o sistema que está montado, sobretudo nas eleições legislativas, que enferma de várias aberrações, que se quiser um dia posso indicar-lhe quais são.
Eu sou um professor que já foi seu colega há uns anos, e nada mais.
Quanto ao Nogueira e o Dias da Silva, eu vou falar da situação que me toca mais pessoalmente: quando, em 2004, o imbecil do David Justino (digo imbecil para não dizer algo muito mais ofensivo) se lembrou da lei que implicou a ultrapassagem dos QE mais graduados por QZP menos graduados, a Fenprof não assinou essa aberração, mas a FNE (já presidida na altura por esse Dias da Silva) assinou, como tem assinado todas as leis que configuram as maiores patifarias contra a nossa classe. Sendo eu um QE que está desde essa altura longe de casa por causa disso, não preciso de arranjar adjectivos para lhe dizer o que penso desse Dias da Silva, pois não? Digo apenas que a FNE não passa de um braço do poder (seja ele de governos do PS ou do PSD, pois sob a capa da moderação assinam tudo) para legitimar aquilo que o governo quer impor, e tenta simular que negoceia. Se discorda disto, esteja à vontade para o dizer.
Por último, sobre o registo biográfico, o Pedro não percebeu a minha ideia: eu queria dizer que bastava ver nesse registo quais os professores mais abusadores e ser mais rígido apenas com esses, mantendo as regalias dos que não abusaram, como incentivo a que ninguém abusasse. Não concorda?

Pedro disse...

Tenho pena que insista em não revelar-se. Se foi meu colega, porque não diz quem é? Acha correcto estar aqui a debater com um colega meu que não dá a cara?
De resto, o que interessa agora é combater esta ideia da mobilidade especial.

Anónimo disse...

Pedro,

Obrigada.
Resolvi não responder porque não vale a pena...o "seu colega" revela cobardia e lança veneno.

Basta ler o e-mail cheio de ódio no site do Ramiro para concluir que as pessoas estão a ultrapassar todos os limites.

Grande parte dos nossos colegas está a ser completamente manipulada pelo M Nogueira. O caos está instalado. Se o MEC permitir ser refém disto, veremos quantos alunos serão matriculados, quantos ingressarão no superior, etc... Não havendo turmas formadas, haverá horários para distribuir?

Abraço

MJ

Ana disse...

Desculpe mas não está a ser sério. Você sabe muito bem que os sindicatos e os professores saíram vitoriosos desta greve e que Nuno Crato foi o grande derrotado.
E se você foi à manifestação em Lisboa também sabe da importância que a manifestação teve para que a greve tivesse a adesão que teve.
A luta continua e só vai parar quando o governo recuar. Seja com todos os professores ou com quase todos.
E vamos continuar com as greves às avaliações. Ainda vai a tempo de se juntar a nós!

Farto dos políticos disse...

Gostava de perguntar à MJ se é QE, QZP ou apenas contratada. É que, caso ainda não tenha aberto a pestana, o seu lugar só estará 100% seguro para o próximo ano caso seja QE, e caso não seja das menos graduadas da escola a cujo quadro pertence. Se não for esse o caso, e ficar desempregada, eu não só não vou ter pena nenhuma de si, como lhe vou apontar o dedo, dizendo-lhe que tem bastante culpa pois não fez o que estava ao seu alcance para mudar nada do que é mais do que previsível.
Quanto à manipulação por parte do Nogueira, já disse e reafirmo que se vocês querem ver a coisa assim, é convosco. O que eu vejo é que o futuro da nossa classe se apresenta negro para todos os que a integram, com consequências entre a escravatura e o desemprego puro e duro. Como essa situação não me agrada (embora já tenha percebido que a MJ não tem qualquer problema em ser escrava, pois já assumiu isso aqui várias vezes) tenho de lutar contra ela com as armas de que disponho. E a mais poderosa dessas armas é a greve (além de que já todas as outras falharam). Como infelizmente os únicos que têm poder para decretar uma greve são os sindicatos, sou forçado a andar a reboque do Mário Nogueira, pois que eu saiba não posso decretar que estou em greve de forma individual e unilateral. Mas isso é muito diferente de estar a ser manipulado por ele, que fique bem claro! Eu luto pelos MEUS direitos, estou-me marimbando para as ambições políticas dele. E pelas conversas que tenho tido com outros colegas, a opinião é comum.
Quanto à referência que fez ao Ramiro, isso leva a concluir que venera os seus ideais. Nem vale a pena comentar o que esse verme escreve, pois ele não passa de um lacaio ao serviço do poder.

Anónimo disse...

Ana,

o derrotado foi Nuno Crato?!
Bem, estivemos sintonizadas em canais diferentes...só pode ser isso.

Continuem com as greves às avaliações que ainda se enterram mais.


MJ

Anónimo disse...

Parece-me que vossas excelências, todos vocês, não estão a ver bem a coisa da mobilidade.
Não é a graduação profissional, equivalente a salários maiores conforme esta é também maior, que nos põe mais ou menos a salvo, se pensarem bem nos que os tipos andam a querer fazer, vão perceber, muito fàcilmente, que é precisamente o contrário!

Reparem,
1º eles sabem muito bem que não há professores a mais;
2º estão a preparar-se para dar maior autonomia de gestão aos directores;
3º na proposta que têm mantido, e contra qual todos os sindicatos se têm veementemente oposto (não só o do bicho papão comunista!), o professor vai para a mobilidade, mas passados todos os períodos previstos, na dita proposta, pode voltar ao sistema como... contratado!;

- Conclusão, no que toca à mobilidade, o que o ministério pretende acima de tudo e com urgência é:
- poupar muitos milhares de euros;
- destruir todo e qualquer vínculo ainda existente no funcionalismo público, pois associados ao vínculo estão os escalões, bem díspares por sinal!

Como o vai fazer? Vejam o seguinte exemplo:

Um director de um qualquer agrupamento tem sob a sua alçada 100 docentes, que auferem, juntos, mensalmente 160 000 euros;

O ministério dá ordem de corte de despesa com salários pois entende que 120 000 euros são suficientes, logo, o director deverá cortar 40 000 euros de despesa mensal com salários, mas, e aqui é que está o busílis, sem perder oferta educativa!

Pergunto-vos agora, como consegue ele fazer isto?

Muito simples, dispensa, não os docentes de início de carreira, os docentes dos escalões mais elevados!!

Raciocínio:

- 1 Docente no 10º escalão aufere, líquidos, qualquer coisa como 1800 euros mensais, trabalhando 14 horas lectivas semanais;

- 1 Docente contratado, com horário completo, aufere qualquer coisa como 1 050 euros mensais, trabalha vinte e duas horas semanais e se preciso for aguenta assegurar mais 5 ou seis por semana, mediante o pagamento insignificante de horas extraordinárias, É novo, em perfeitas condições de ser chupado até ao tutano e sem se importar de ir trabalhar para o cú de Judas!

Repare agora:

14horas semanais--custam--1800 euros mensais;

22horas semanais--custam--1050 euros mensais

Logo, paga-se metade a quem trabalha o dobro, que aguenta mais e que não se importa de ser mal tratado pois não tem «direitos adquiridos»

Ainda consideram que os efectivos, por ordem de graduação, se encontram salvaguardados?

Parece-me que é mais ao contrário!

Um abraço

Anónimo disse...

Concordo:

«as medidas a que temos vindo a ser sujeitos e o facto de isto tudo também ser o resultado de muitos colegas terem usado e abusado dos vários privilégios que tínhamos, concordo com isso. No entanto, há uma coisa que qualquer professor tem, chamada registo biográfico, e por isso acho tremendamente injusto que muitos andem agora a ser sujeitos a tudo isto por causa de alguns. Se houvesse um pouco de seriedade e justiça, não devia penalizar-se apenas esses que abusaram? Porquê meter todos no mesmo saco?»

Concordo inteiramente com isto, isto sim é o mais justo, não a simples graduação profissional!

Beijos e abraços

Anónimo disse...

Anónimo das 9:11:00 PM:
Exatamente!

Nuno Crato acabou de estar no seu melhor. Um grande senhor...

MJ

Pedro disse...

Eu sei que vivemos tempos conturbados e que muitos colegas estão bastante apreensivos com o futuro.
Contudo, é importante que se perceba que, enquanto educadores e professores que somos, devemos preservar e fomentar o respeito mútuo e a liberdade de opinião.
É verdade que o descontentamento dos professores relativamente a este Governo é grande e as greves e a manifestação de sábado são a prova disso. Ninguém pode estar contente com os cortes que estão a ser feitos. Mas, cada um tem a sua opinião (uns estão mais descontentes do que outros; uns são mais pessimistas do que outros), enfim, cada uma tem a sua opinião.
Por isso, é bom que o debate seja sério e esclarecido.

Ao anónimo das 9:11:00 PM,
espero bem que aquilo que relata não se concretize, mas também me parece que a hipótese que relata é extremamente pessimista e, muito provavelmente, até inconstitucional.
Eu sei que os sindicatos, nomeadamente a Fenprof, tem avançado com a possibilidade do aumento da autonomia das escolas constituir uma espécie de privatização da Escola Pública, numa lógica de mera redução de despesas. Até há quem diga que o que interessa é colocar os grupos privados como o GPS ou o Ribadouro a tomarem conta da gestão das escolas. O Ramiro Marques até fala numa multinacional norte-americana. Se essa for a intenção deste ou de outro Governo, espero bem que a contestação suba de nível.
Mas, por enquanto, lutamos contra a mobilidade especial. Cada um luta como bem entender. As formas de luta podem ser várias: manifestações, vigílias, concentrações, greves, boicotes, etc. Respeite-se a opção de cada professor...

Farto dos políticos disse...

Como não se sabe bem quem vem comentar por aqui (mesmo os que assinam com iniciais, pois MJ é muito vago), posso dizer que essa pessoa que assina assim, das duas uma: ou é ingénua (para ser simpático) ou então vem aqui comentar apenas para fazer favores ao poder.
Quanto à contestação a estas medidas, eu fiz greve a tudo até amanhã, e depois penso que chega, pois se o MEC não cede já não há nada mais a fazer, e se o resultado não for o melhor, a culpa será para repartir entre a intransigência ditatorial do MEC e atitude passiva (ou pelo menos muito pouco activa) dos colegas que decidiram não fazer greve, no único momento em que tal se justificava claramente, não só pela gravidade da situação, mas também porque uma greve aos exames é a única que de facto tem visibilidade. Uma coisa é certa: se o MEC não recuar em nada de substancial, no início do próximo ano lectivo, vai haver muitos (inclusive dos que comentam ou apenas lêem este blogue) que vão ficar em apuros, ou porque vão ter muito mais serviço do que até aqui, ou porque vão ter de fazer as malas e ir para bem longe de casa (para além do acumular do serviço) ou, pior ainda, porque estarão na antecâmara do desemprego. E aqueles que não lutaram contra isso não terão grande autoridade moral para se queixarem (até porque alguns são claramente parte do eleitorado do PSD, coisa que eu não sou, por isso não sou minimamente responsável por esta desgraça mais do que provável). Caso haja um adiamento, não me parece que os potenciais visados pelas medidas possam festejar, pois não é por uns meses ou 1 ou 2 anos de alívio que alguém pode sentir um mínimo de segurança.
Por último, quanto à privatização das escolas, e às ideias defendidas pelo Ramiro Marques: alguém tem dúvidas de que é isso que PS e PSD (sim, os 2, não apenas o PSD) querem fazer? A questão não é SE, é QUANDO. E nessa altura, talvez aqueles que defendem o diálogo e formas de contestação mais moderadas percebam que essa fase já passou e não resultou. Quando formos todos escravos ou desempregados, já não haverá salvação, excepto para a meia-dúzia que tiver conhecimentos com este ou aquele...

Anónimo disse...

Tenho pena que o ministerio não proponha o salario minimo e 50 horas semanais.
ACORDAI BANDO DE CORDEIROS, FURA GREVES E PARASITAS!
Quem não fez greve é na minha opinião, exacravel, está acomodado, é um parasita autentico ou tem receio! Sobre o lamentavel de a maior associação professores ser comunista, I wish, as pessoas que tal dizem sao mentecaptos!
A FNE, essa sim é democrata socialista, é uma associação governamental. Quem foram os partidos que estiveram até à data no poder? PSD, PP melhor CDS lol e PS. Dias Loureiro, compadrios, socialistas, corruptos, enfim e ainda há burros que falam mal da CDU. Continuem no euro a vender as águas, CTT, tudo o que houver. Chegará o dia que o salário será apenas se chegar para pagar contas! BURROS E AINDA POR CIMA EGOCENTRICOS.
A profissão de docência está cada vez mais denegrida e sem um salário e condições de trabalho condignas. Os professore são um rebanho de pessoas desunidas. Fiz greve, farei greve e lutarei sempre por um futuro melhor mais equitativo e justo. Um país onde nã haja a repartição tão desigual da riqueza que se agrava mais e mais cada dia que passa. Verdade é que não me revejo em nenhum sindicato contudo, o unico que pode ser apelidado disso tem sido pelo menos nestes ultimos tempos a FENPROF!

Farto dos políticos disse...

Tal como já tinha referido antes, não sou sindicalizado nem tenho qualquer simpatia por nenhum sindicato, muito menos desde a traição de 2008.
Ainda assim, tal como disse o anónimo anterior, a FNE não passa de uma aberração, de um bando de infiltrados na nossa classe que, sob a capa da moderação, apenas existem para servir os interesses do poder, seja ele PS ou PSD, pois nada de substancial distingue estes 2 partidos (pelo menos em matéria de educação, mas não só). Quanto à Fenprof, é claro que têm uma clara inclinação para a esquerda mais radical (demasiado radical, no entender do Pedro e de outros, como a MJ) mas o facto indesmentível é que, se alguém constitui algum travão às patifarias dos vários governos que temos tido (ainda que apenas a uma percentagem mínima) esse alguém é a Fenprof, não a FNE. Se não concorda com isto, Pedro, esteja à vontade para me provar que estou errado. E se não for pedir muito, diga-me também algo (por mais insignificante que seja) que a FNE tenha feito de útil pela nossa classe. É que eu já dou aulas há perto de 20 anos, e ainda não me apercebi de uma migalhita que fosse...

Pedro disse...

O anónimo anterior afirma que "uma greve aos exames é a única que de facto tem visibilidade." O problema é que essa visibilidade pode ser negativa aos olhos da sociedade. Pode até ser contraproducente. Mas, cada um tem a sua opinião...
O anónimo anterior pede-se ainda que lhe diga algo em que a FNE tenha feito de útil pela nossa classe. Como não sou associado da FNE não me compete estar aqui a defender a FNE. Talvez perguntando ao Arlindo (do blogue arlindovsky) que penso ser da FNE.
Eu penso pela minha cabeça e não me deixo instrumentalizar pelos sindicatos. Por isso é que há muitos anos que defendo uma Ordem dos Professores.
E continuo a pensar que há mais contestação para além da greve. As manifestações são, para mim, o acto mais puro e verdadeiro da contestação. Mas, esta é só a minha opinião...

Farto dos políticos disse...

Quanto à ordem dos professores, só tenho uma pergunta a fazer: "onde é que eu assino?"
De resto, transcrevendo a sua frase "uma greve aos exames é a única que de facto tem visibilidade." O problema é que essa visibilidade pode ser negativa aos olhos da sociedade."
Isso só pode ser para rir... Conhece alguma greve que tenha visibilidade positiva aos olhos da sociedade? Quando há uma greve dos transportes, por exemplo, há algum utente desses mesmos transportes que fique com vontade de apoiar quem está em greve?
Acrescento que, no caso dos transportes, o momento escolhido é praticamente irrelevante, pois é quase certo que vai causar grande transtorno.
Já no nosso caso, dada a especificidade da nossa profissão, excepto uma greve por tempo indeterminado (em qualquer altura de aulas) ou aos exames, não faz qualquer sentido fazer greve, porque o transtorno que causa é quase irrelevante, o que a torna inútil (e muito prejudicial para as nossas finanças pessoais).
Quanto à instrumentalização, como o Pedro diz que participou na manifestação de sábado, lamento dizer-lhe que se deixa instrumentalizar tanto como eu, pois tanto a manifestação como a greve foram convocadas pelos sindicatos, com o do seu querido Nogueira à cabeça. Logo, acho que nesse aspecto estamos conversados...