quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Pais desesperados...

Durante esta e a próxima semana estão a realizar-se na minha escola as reuniões intercalares do 3º ciclo e que têm como principal objectivo fazer um ponto de situação sobre o andamento dos projectos curriculares de turma e dos planos de recuperação propostos nas reuniões do final do 1º período para os alunos com insucesso escolar.
Numa das reuniões de hoje ocorreu uma situação que me deixou bastante intrigado sobre o "drama" que muitos pais atravessam na sua função de educadores (pois este não é um papel reservado exclusivamente aos professores). Tudo começou quando a representante dos encarregados de educação dessa turma e mãe de um aluno repetente e em risco de voltar a ficar retido pelo segundo ano consecutivo no mesmo ano de escolaridade se lamentou ao Conselho de Turma pela incapacidade que tem em "moldar" a postura do filho em relação aos estudos. Afirmava essa mãe, por sinal também ela ligada profissionalmente à área da educação, que o seu filho tinha resolvido não se esforçar mais para alterar a sua situação escolar, lamentando-se do facto de, tanto ela, como o marido, não conseguirem fazer ver ao filho da importância de estudar e tentar, pelo menos, completar com sucesso o 9º ano de escolaridade. Dizia a senhora que compreendia o desespero dos professores em tentarem atingir sucesso nas suas turmas quando confrontados com alunos com interesses divergentes dos escolares.
Pois é! É que sem matéria-prima não se constrói nada, pelo que sem alunos empenhados é difícil ter sucesso escolar. Se nem os próprios pais conseguem "abrir" os olhos a este tipo de alunos, como vai a Escola alterar a sua situação? É complicado...
Cada vez mais me convenço que a actual geração de pais de miúdos entre os 10 e 20 anos não parecem ter, em grande parte, vocação para serem os primeiros educadores dos seus educados e servirem-se da firmeza e do rigor quando necessários para o bem dos seus próprios filhos. Felizmente que há excepções e, se repararmos bem, a maioria dos dirigentes das associações de pais até são pessoas ligadas à educação, muitas vezes, professores. Será isso um sinal positivo ou mais um sinal do alheamento dos pais portugueses??? Vou mais pela segunda opção...

4 comentários:

emn disse...

o controlo dos pais tem de começar cedo... se não... na adolescência já é difícil, até por falta de hábitos e de rigor.
Louvo a DT da minha mais velha (14 anos - 9º ano)
Chamou os Enc Educ dos com mais de 2 negativas e teve a 'lata' de lhes exigir um horário de estudo com eles ao lado dos filhos ou em alternativa privarem-nos de tudo o que os 'alheia' (computador, tv, saídas, etc)enquanto não subissem as notas...
Sorri quando o ouvi, porque cá em casa, computador só há quando é preciso para pesquisas ou passar trabalhos; horário de estudo, têm-no feito desde que se sabem os horários no início do ano lectivo...) mas imaginei os outros pais a 'controlarem' isto. Alguns têm tv e computador no quarto (6 e 7 negativas)
Enfim... Dá mt trabalho criar filhos... Não é só dar-lhes alimento, roupa e cama lavada.

Avozinha disse...

Se ser-se prof já é difícil, que fará ser-se pai/mãe? Essa senhora é uma raridade: muitas vezes um aluno desinteressado tem também pais desinteressados.

Anónimo disse...

Felizmente que há excepções e, se repararmos bem, a maioria dos dirigentes das associações de pais até são pessoas ligadas à educação, muitas vezes, professores.
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Infelizmente, diria eu. Só demonstra o corporativismo de uma classe que pretende jogar em todos os tabuleiros.
O facto de os médicos também poderem ter problemas de saúde, não legitima que liderem eventuais associações de utentes.(muitos outros exemplos podem ser dados)
Só numa classe em que se perdeu por completo a noção da ética e da grandeza da profissão, é que se assiste ao espectáculo indecoroso das associações de encarregados de educação estarem dominadas e infiltradas pelos próprios professores.

Pedro disse...

Caro anónimo, eu não digo que o facto da maioria das associações de pais serem dirigidas por professores representa uma situação positiva. Bem pelo contrário...
Pena é que o seu estatuto de anónimo não permita que esta discussão possa ser mais aprofundada.