Hoje de manhã, na viagem entre Viseu e Lamego, onde lecciono, fui a ouvir o Fórum TSF onde se debateu o anúncio do Primeiro-Ministro José Sócrates a propósito da intenção de alargar as aulas de substituição ao ensino secundário.
O tipo de intervenções que marcaram o programa da TSF prova que a maioria da população portuguesa tem uma má imagem dos professores portugueses, uma vez que, sem excepção, todos os intervenientes no dito programa que não eram docentes limitaram-se a elogiar a Ministra da sua actuação e a criticar ferozmente os professores da sua falta de profissionalismo, elevado absentismo, excessivo corporativismo, entre outros epítetos. Até o sempre presente Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais, apareceu no Fórum para dizer que os professores da Escola Pública deveriam seguir os exemplos das escolas privadas onde já há muitos anos se praticam as aulas de substituição... Só não foram discutidas as condições que diferenciam as escolas públicas das privadas, em termos de número de alunos por turma, escolha dos alunos a matricular, materiais e recursos existentes, etc!!!
Tudo isto vem a propósito da forma como José Sócrates respondeu à greve decretada pelos sindicatos da Educação às aulas de substituição e ao alargamento dos horários no 1º ciclo. Sócrates não esteve com meias tintas e afirmou que para o próximo ano as substituições estarão na calha para os alunos do secundário. Os pais aplaudem e a maioria da população portuguesa gosta da medida.
Ora, também eu estaria a favor das aulas de substituição se, de facto, estas aulas fossem destinadas a leccionar conteúdos programáticos ou a reforçar as matérias dadas e não a entreter os alunos quando o professor de uma determinada disciplina falta. É que, o que se passa actualmente na grande maioria das escolas portuguesas a este nível, resume-se à ocupação dos alunos, quase sempre em contexto de sala de aula, com actividades onde ninguém (alunos e professores) é avaliado e que, portanto, originam a falta de empenho e o desinteresse por parte dos intervenientes, nomeadamente dos alunos...
É verdade que a Escola deve intervir aos nível dos afectos e da formação, mas a instrução não deve ser ignorada, pelo que se o que se quer é intervir na esfera dos afectos e da animação chamem-se educadores, psicólogos, animadores sociais, técnicos de ATL`s e outros profissionais às escolas para dinamizarem esse tipo de actividades. Ao professor cabe ensinar e é nesse âmbito que deve implementar as estratégias que bem entender para formar convenientemente o aluno: debates, colóquios, dramatizações, entre muitas outras actividades que também mexem com os afectos e a sociabilização...
1 comentário:
Concordo.
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