No artigo anterior referi-me à impressão positiva que tive relativamente aos alunos da escola onde me encontro a leccionar. Afirmei então que os alunos parecem estar bem "amestrados" a partir do primeiro ano em que chegam a este estabelecimento de ensino. Ora, em alguns comentários deixados neste blogue em relação ao referido artigo alguns colegas parecem ter ficado surpreendidos com o significado de "amestrados"...
Assim, vou tentar ser mais claro. O que se passa é que numa escola com cerca de 125 anos de história e onde o quadro docente é, na sua maioria, estável (com mais de 80% dos professores a pertencerem ao quadro desta escola) fiquei com a ideia de que os alunos, a partir do momento em que começam a frequentar esta escola, começam a adquirir hábitos e a cumprir regras básicas para o normal funcionamento da vida escolar, ao contrário do sucedido noutras escolas por onde tenho andado nos últimos anos.
De facto, é importante que os alunos, quando chegam a uma escola pela primeira vez (neste caso no 7º ano) comecem a perceber que a escola é intransigente no que concerne ao cumprimento de determinadas normas comportamentais: proibição de fumar na escola, respeito pelo material escolar, ausência de furos ou chamados "feriados", cumprimento de actividades lectivas no caso de expulsão da sala de aula... Enfim, ao contrário do que acontece noutras escolas, e apesar de ter oito turmas e mais de duzentos alunos, parece-me que esta é uma escola onde (quase) todos (Conselho Executivo, docentes, funcionários e encarregados de educação) se esforçam para que os alunos percebem que na escola a educação e o respeito pelo próximo são valores intocáveis. Claro que há excepções e sempre haverá alunos que gostam de "desafiar" o professor, mas, por enquanto a impressão que tenho desta escola é muito positiva. Espero que continue a pensar assim no final do ano lectivo...
5 comentários:
Estou totalmente de acordo com a importância de haver uma prática colectiva concorrente para que os alunos percebam que o respeito mútuo é um valor fundamental, na escola ou fora dela.
Miguel
Não fiquei propriamente surpreendido com a utilização do vocábulo “amestrados”. O teu texto evocou um dos paradoxos da escola actual: Na verdade, a utilização da palavra parece-me acertada numa escola [e posso generalizar] cada vez mais empenhada em reproduzir normas e valores [atentemos às resmas de normativos que entram pela escola] e cada vez mais impotente nessa tarefa [pela dificuldade em lidar com os factores exógenos da indisciplina e violência]]. Amestrar é o esforço da escola numa das suas funções mais importantes: a reprodução social. E será um esforço inglório enquanto as escolas não procurarem a sua “cultura de escola”. E não parece ser este o caso reproduzido no teu texto.
Agradeço o teu esclarecimento.
Sabes que essa "amestração" tem tudo a ver com os professores da escola? O facto de ser um corpo docente estável faz com que as regras não estejam em permanente mudança... com novas regras em cada novo ano... com mudança das regras do jogo!
Assim devia ser em todas as novas escolas mas... o resto da história a gente já sabe!!
Bom ano!
Esclarecimento ao meu comentário: disse aquilo com que estou totalmente de acordo, mas o texto não me deu uma ideia clara sobre se é exactamente isso o que pensa a escola do Miguel. É que as normas têm que ser percebidas pelos alunos, se apenas as seguirem porque não têm "outro remédio", fora da escola mostrarão que essa educação foi vã.
Cara IC, estamos apenas na segunda semana de aulas, mas a ideia que tenho tido é que a escola onde lecciono tem, de facto, como uma das prioridades fazer ver aos alunos que o cumprimento de regras básicas ao nível do respeito mútuo, do empenho e da disciplina são condições essenciais para que a vida para além da escola seja agradável e mais compensadora...
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